FASES LIBIDINAIS OU FASES DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL
Etapa do desenvolvimento da criança
caracterizada por uma organização, mais ou menos acentuada, da libido sob o
primado de uma zona erógena e pela predominância de uma modalidade de relação
de objeto. Deu-se em psicanálise maior extensão à noção de fase, procurando
definir as fases da evolução do ego.
Quando em psicanálise se fala de fase,
designa-se assim, a maior parte das vezes, as fases da evolução libidinal.
Note-se, porém, que antes de a noção de organização da libido ter começado a
definir-se, já se manifestava a preocupação freudiana de diferenciar “idades da
vida”, “épocas”, “períodos” de desenvolvimento; essa preocupação é paralela à
descoberta de que as diferentes afecções psiconeuróticas têm a sua origem na
infância. É assim que, por volta dos anos de 1896-7, Freud, na sua
correspondência com W. Fliess, o qual sabemos que tinha também elaborado uma
teoria dos períodos, procura estabelecer uma sucessão de épocas, na infância e
na puberdade, datáveis com maior ou menor precisão (...).
Logo surge a ideia de ligar a sucessão
destes diferentes períodos à predominância e ao abandono de determinadas “zonas
sexuais” ou “zonas erógenas” (região anal, região buco-faríngica e, na menina,
região clitórica); Freud leva bastante longe esta tentativa teórica, como
mostra a carta de 14-11-1897: o processo do recalque chamado normal está
estreitamente relacionado com o abandono de uma zona por outra, com o
“declínio” de determinada zona sexual.
Tais concepções prefiguram em numerosos
pontos o que virá a ser, sob a sua forma mais acabada, a teoria das fases da
libido. É impressionante, no entanto, constatar que elas desaparecem da
primeira exposição apresentada por Freud sobre a evolução da sexualidade, para
só ulteriormente serem redescobertas e determinadas. Na edição de 1905 de Três
ensaios sobre a teoria da sexualidade (Drei Abhandlungen zur
Sexualtheorie), a oposição principal situa-se entre a sexualidade
pubertária e adulta de um lado, organizada sob o primado genital, e, de outro,
a sexualidade infantil, onde as metas sexuais são múltiplas, tal como as zonas
erógenas que as suportam, sem que se instaure de modo algum o primado de uma
delas ou uma escolha de objeto. Não há dúvida de que esta oposição é
particularmente acentuada por Freud devido ao aspecto de exposição didática de
que se reveste a obra em questão e em virtude da originalidade da tese que se
trata de fazer aceitar: o caráter originalmente perverso e polimorfo da
sexualidade.
Progressivamente, entre 1913 e 1923, esta tese
é aperfeiçoada com a introdução da noção de fases pré-genitais, que precedem a
instauração da fase genital: fases oral, sádico-anal, fálica.
O que caracteriza estas fases é um certo
modo de organização da vida sexual. A noção do primado de uma zona erógena é
insuficiente para explicar o que há de estruturante e de normativo no conceito
de fase: esta só encontra o seu fundamento em um tipo de atividade, ligado a
uma zona erógena, é claro, mas que se reconhecerá a diferentes níveis da
relação de objeto. Assim, a incorporação, característica da fase oral, seria um
esquema que se encontraria em muitas fantasias subjacentes a outras atividades
além da nutrição (“comer com os olhos”, por exemplo).
Se foi no registro da evolução da
atividade libidinal que a noção de fase encontrou, em psicanálise, o seu
modelo, devemos notar que foram esboçadas outras linhas de evolução diferentes:
1. Freud indicou uma sucessão temporal
quanto ao acesso ao objeto libidinal, em que o sujeito passa sucessivamente
pelo autoerotismo, pelo narcisismo, pela escolha homossexual e pela escolha
heterossexual;
2. Outra direção leva a reconhecer
diferentes etapas na evolução que resulta numa predominância do princípio de
realidade sobre o princípio de prazer. Ferenczi fez uma tentativa sistemática
neste sentido;
3. Alguns autores acham que só a formação
do ego pode explicar a passagem do princípio de prazer para o princípio de
realidade. O ego “... entra no processo como uma variável independente”. E o
desenvolvimento do ego que permite a diferenciação entre a pessoa e o mundo
exterior, o adiamento da satisfação, o domínio relativo dos estímulos
pulsionais etc. (...)
Convém ressaltar que Freud, por seu lado,
não seguiu pelo caminho de uma teoria holística das fases, que agruparia não
apenas a evolução da libido, mas ainda a das defesas do ego, etc.; tal teoria (...)
acabaria por englobar numa só linha genética a evolução do conjunto da
personalidade. Isto não é, na nossa opinião, um simples inacabamento do
pensamento de Freud; efetivamente, para ele, a defasagem e a possibilidade de
uma dialética entre estas diferentes linhas evolutivas são essenciais no
determinismo da neurose.
LAPLANCHE e PONTALIS. Vocabulário de psicanálise. São Paulo:
Martins Fontes, 2016. p. 181, 182 e 183.
FASE
ORAL
Primeira
fase da evolução libidinal. O prazer sexual está predominantemente ligado à
excitação da cavidade bucal e dos lábios que acompanha a alimentação. A
atividade de nutrição fornece as significações eletivas pelas quais se exprime
e se organiza a relação de objeto; por exemplo, a relação de amor com a mãe
será marcada pelas significações seguintes: comer, ser comido.
Abraham
propôs subdividir-se esta fase em função de duas atividades diferentes: sucção
(fase oral precoce) e mordedura (fase sádico-oral).
Na
primeira edição de Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (Drei
Abhandlungen zur Sexualtheorie, 1905), Freud descreve uma sexualidade oral
que ele destaca no adulto (atividades perversas ou preliminares) e reencontra
na criança baseando-se nas observações do pediatra Lindner (significação
masturbatória da sucção do polegar). No entanto, não fala de fase, de
organização oral, assim como não fala de organização anal.
Todavia,
a atividade de chupar assume a partir dessa época um valor exemplar, que
permite a Freud mostrar como a pulsão sexual, que a princípio se satisfaz por
apoio numa função vital, adquire autonomia e se satisfaz de forma autoerótica.
Por outro lado, a vivência de satisfação, que fornece o protótipo da fixação do
desejo num determinado objeto, é uma experiência oral; é, pois, possível
aventar a hipótese de que o desejo e a satisfação fiquem para sempre marcados
por essa primeira experiência.
Em
1915, depois de reconhecer a existência da organização anal, Freud descreve
como primeira fase da sexualidade a fase oral ou canibalesca. A fonte é a zona
oral; o objeto está estreitamente relacionado com o da alimentação; a meta é a
incorporação. Portanto, já não se acentua apenas uma zona erógena - uma
excitação e um prazer específicos —, mas um modo de relação, a incorporação; a
psicanálise mostra que esta, nas fantasias infantis, não está ligada apenas à
atividade bucal, mas pode transpor-se para outras funções (respiração e visão,
por exemplo).
Segundo
Freud, a oposição entre atividade e passividade, que caracteriza a fase anal,
não existe na fase oral. Karl Abraham procurou diferenciar os tipos de relação
que estão em jogo no período oral, o que o levou a distinguir uma fase precoce
de sucção pré-ambivalente - que parece mais próxima daquilo que Freud a
princípio descreveu como fase oral - e uma fase sádico-oral que corresponde ao
aparecimento dos dentes, em que a atividade de morder e devorar implica uma
destruição do objeto; aí se encontra conjuntamente a fantasia de ser comido,
destruído pela mãe.
O
interesse pelas relações de objeto levou certos psicanalistas (particularmente
Melanie Klein e Bertram Lewin) a descrever de forma mais complexa as
significações conotadas pelo conceito de fase oral. (...)
Fase
sádico-oral: segundo período da fase oral, de acordo com uma subdivisão
introduzida por K. Abraham; é caracterizado pelo aparecimento dos dentes e da
atividade de morder. A incorporação assume aqui o sentido de uma destruição do
objeto, o que implica que entre em jogo a ambivalência na relação de objeto.
(...) K. Abraham diferencia dentro da fase oral uma fase precoce de sucção,
“pré-ambivalente”, e uma fase sádico-oral que corresponde ao aparecimento dos
dentes; a atividade de morder e de devorar implica uma destruição do objeto e
aparece a ambivalência pulsional (libido e agressividade dirigidas para um
mesmo objeto).
Com
Melanie Klein, o sadismo oral assume maior importância. Com efeito, para esta
autora a fase oral é o momento culminante do sadismo infantil. Mas,
diferentemente de Abraham, faz intervir imediatamente as tendências sádicas:
“...a agressividade faz parte da relação mais precoce da criança com o seio,
embora nessa fase ela não se exprima habitualmente pela mordedura”. “O desejo
libidinal de sugar ou chupar é acompanhado do objetivo destrutivo de aspirar,
de esvaziar, de esgotar sugando.” Embora M. Klein conteste a distinção de
Abraham entre uma fase oral de sucção e uma fase oral de mordedura, o conjunto
da fase oral é, para ela, uma fase sádico-oral.
LAPLANCHE e PONTALIS. Vocabulário de psicanálise. São Paulo:
Martins Fontes, 2016. p. 184 a 187.
FASE
ANAL
Para
Freud, a segunda fase da evolução libidinal, que pode ser situada
aproximadamente entre os dois e os quatro anos; é caracterizada por uma
organização da libido sob o primado da zona erógena anal; a relação de objeto
está impregnada de significações ligadas à função de defecação
(expulsão-retenção) e ao valor simbólico das fezes. Vemos aqui afirmar-se o
sadomasoquismo em relação com o desenvolvimento do domínio da musculatura.
Freud
começou por assinalar traços de um erotismo anal no adulto e descrever o seu
funcionamento na criança na defecação e na retenção das matérias fecais. (...)
Nas
remodelações ulteriores de Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (Drei
Abhandlungen zur Sexualtheorie, 1915, 1924) a fase anal aparece como uma
das organizações pré-genitais, situada entre as organizações oral e fálica. É a
primeira fase em que se constitui uma polaridade atividade-passividade. Freud
faz coincidir a atividade com o sadismo e a passividade com o erotismo anal, e
atribui a cada uma das pulsões parciais correspondentes uma fonte distinta:
musculatura e mucosa anal. (...)
Como
conceber a ligação entre o sadismo e o erotismo anal? O sadismo, bipolar por
natureza - visto que visa, contraditoriamente, destruir o objeto e mantê-lo,
dominando-o -, encontraria a sua correspondência privilegiada no funcionamento
bifásico do esfíncter anal (evacuação-retenção) e no controle deste.
LAPLANCHE e PONTALIS. Vocabulário de psicanálise. São Paulo:
Martins Fontes, 2016. p. 186 e 187.
FASE
FÁLICA
Fase
de organização infantil da libido que vem depois das fases oral e anal e se
caracteriza por uma unificação das pulsões parciais sob o primado dos órgãos
genitais; mas, o que já não será o caso na organização genital pubertária, a
criança, de sexo masculino ou feminino, só conhece nesta fase um único órgão
genital, o órgão masculino, e a oposição dos sexos é equivalente à oposição
fálico-castrado. A fase fálica corresponde ao momento culminante e ao declínio
do complexo de Édipo; o complexo de castração é aqui predominante.
A
noção de fase fálica é tardia em Freud, pois só em 1923 (A organização
genital infantil [Die infantile Genitalorganisation]) aparece
explicitamente. É preparada pela evolução das ideias de Freud a' respeito dos
modos sucessivos de organização da libido e pelos seus pontos de vista sobre o
primado do falo, duas linhas de pensamento que distinguiremos para clareza da
exposição.
1.
Quanto ao primeiro ponto, recordemos que Freud começou (1905) por considerar
que a falta de organização da sexualidade infantil era o que opunha esta à
sexualidade pós-pubertária. A criança só sai da anarquia das pulsões parciais
depois de assegurado, com a puberdade, o primado da zona genital. A introdução
das organizações pré-genitais anal e oral (1913, 1915) põe implicitamente em
causa o privilégio, até então atribuído à zona genital, de organizar a libido;
mas ainda se trata apenas de “rudimentos e fases precursoras” de uma
organização em sentido pleno. “A combinação das pulsões parciais e a sua
subordinação sob o primado dos órgãos genitais não se realizam, ou realizam-se
apenas de forma muito incompleta.” Quando Freud introduz a noção de fase fálica,
reconhece a existência desde a infância de uma verdadeira organização da
sexualidade, muito próxima daquela do adulto, “... que já merece o nome de
genital, onde se encontra um objeto sexual e uma certa convergência das
tendências sexuais sobre esse objeto, mas que se diferencia num ponto essencial
da organização definitiva por ocasião da maturidade sexual; com efeito, ela
conhece apenas uma única espécie de órgão genital, o órgão masculino”.
2.
Esta ideia de um primado do falo já está prefigurada em textos muito anteriores
a 1923. Desde Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (Drei
Abhandlungen zur Sexualtheorie, 1905) encontramos duas teses:
a) A libido é “de
natureza masculina, tanto na mulher como no homem”;
b) “A zona erógena
diretriz na criança de sexo feminino é localizada no clitóris, que é o homólogo
da zona genital masculina (glande).” A análise do Pequeno Hans, onde se
delineia a noção de complexo de castração, põe em primeiro plano, para o
menino, a alternativa: possuir um falo ou ser castrado. Por fim, o artigo Sobre
as teorias sexuais das crianças (Über infantile Sexualtheorien,
1908), embora considere, como nos Três ensaios, a sexualidade do ponto
de vista do menino, sublinha o interesse singular que a menina tem pelo pênis,
a sua inveja deste e a sua sensação de ser lesada em relação ao menino. O
essencial da concepção freudiana da fase fálica pode ser encontrado em três
artigos: A organização genital infantil (Die infantile
Genitalorganisation, 1923); O declínio do complexo de Édipo (Der
Untergang des Õdipuskomplexes, 1924); Algumas consequências psíquicas da
distinção anatômica entre os sexos (Einige psychische Folgen des
anatomischen Geschlechtsunterschieds, 1925). Esquematicamente, podemos
caracterizar assim a fase fálica, segundo Freud:
1. Do ponto de vista
genético, o “par de opostos” atividade-passividade que predomina na fase anal
transforma-se no par fálico-castrado; só na puberdade se edifica a oposição
masculinidade-feminidade.
2. Relativamente ao
complexo de Édipo, a existência de uma fase fálica tem um papel essencial: com
efeito, o declínio do Édipo (no caso do menino) é condicionado pela ameaça de
castração, e este deve a sua eficácia, por um lado, ao interesse narcísico que
o menino tem pelo seu próprio pênis e, por outro, à descoberta da ausência de
pênis por parte da menina.
3. Existe uma organização
fálica na menina. A verificação da diferença entre os sexos suscita uma inveja
do pênis; esta acarreta, do ponto de vista da relação com os pais, um
ressentimento para com a mãe, que não deu o pênis, e a escolha do pai como objeto
de amor, na medida em que ele pode dar o pênis ou o seu equivalente simbólico,
o filho. A evolução da menina não é, pois, simétrica à do menino (para Freud, a
menina não tem conhecimento da própria vagina); são ambas igualmente centradas
em torno do órgão fálico. A significação da fase fálica, principalmente na
criança de sexo feminino, deu lugar a importantes discussões na história da
psicanálise. Os autores (K. Horney, M. Klein, E. Jones) que admitem a
existência, na menina, de sensações sexuais já de início específicas
(particularmente um conhecimento primário intuitivo da cavidade vaginal) são
levados a ver na fase fálica apenas uma formação secundária de caráter
defensivo.
LAPLANCHE e PONTALIS. Vocabulário de psicanálise. São Paulo:
Martins Fontes, 2016. p. 178, 179 e 180.
PERÍODO
DE LATÊNCIA
Período
que vai do declínio da sexualidade infantil (aos cinco ou seis anos) até o
início da puberdade, e que marca uma pausa na evolução da sexualidade.
Observa-se nele, deste ponto de vista, uma diminuição das atividades sexuais, a
dessexualização das relações de objeto e dos sentimentos (e, especialmente, a
predominância da ternura sobre os desejos sexuais), o aparecimento de
sentimentos como o pudor ou a repugnância e de aspirações morais e estéticas.
Segundo a teoria psicanalítica, o período de latência tem origem no declínio do
complexo de Édipo; corresponde a uma intensificação do recalque - que tem como
efeito uma amnésia que cobre os primeiros anos -, a uma transformação dos
investimentos de objetos em identificações com os pais e a um desenvolvimento
das sublimações.
Podemos,
em primeiro lugar, entender a ideia de um período de latência sexual: (a) de um
ponto de vista estritamente biológico, como uma pausa predeterminada entre duas
“pressões” da libido; (b) que não precisaria, quanto à sua gênese, de qualquer
explicação psicológica. Podemos então descrevê-lo principalmente pelos seus
efeitos, como acontece em Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (Drei
Abhandlungen zur Sexmltheórie, 1905).
Quando
Freud articula o período de latência com o declínio do complexo de Édipo, tem
em vista esta concepção: “...o complexo de Édipo deve desaparecer porque chegou
para ele o momento de se dissolver, tal como caem os dentes de leite quando
aparece a segunda dentição”. Mas, se a “pressão” pubertária que marca o fim do
período de latência é incontestável, não é possível ver tão bem a que
predeterminação biológica corresponderia a entrada no período de latência.
Assim também não haveria “... por que exigir plena concordância entre a
formação anatômica e o desenvolvimento psicológico”.
E
assim, para explicar o declínio do Édipo, Freud é levado a invocar a
“impossibilidade interna” deste, uma espécie de discordância entre a estrutura
edipiana e a imaturidade biológica: “...a ausência persistente da satisfação
esperada, a frustração perpetuada do filho por que espera, obrigam o pequeno
apaixonado a renunciar a um sentimento sem esperança”.
Finalmente,
a entrada no período de latência só poderia ser entendida com referência à
evolução do complexo de Édipo e às modalidades da sua resolução nos dois sexos.
Secundariamente,
as formações sociais, conjugando a sua ação com a do superego, vêm reforçar a
latência sexual: esta “... só pode provocar uma completa interrupção da vida
sexual nas organizações culturais que inscreveram no seu programa uma repressão
da sexualidade infantil. Não é o caso da maioria dos primitivos”.
Note-se
que Freud fala de período de latência, e não de fase, o que deve ser entendido
do seguinte modo: durante o período considerado, embora possamos observar
manifestações sexuais, não há, a rigor, uma nova organização da sexualidade.
LAPLANCHE e PONTALIS. Vocabulário de psicanálise. São Paulo:
Martins Fontes, 2016. p. 263 e 264.
FASE
GENITAL
Fase
do desenvolvimento psicossexual caracterizada pela organização das pulsões
parciais sob o primado das zonas genitais; compreende dois momentos, separados
pelo período de latência: a fase fálica (ou organização genital infantil) e a
organização genital propriamente dita que se institui na puberdade. Certos
autores reservam a denominação “organização genital" para este momento,
incluindo o estágio fálico nas organizações pré-genitais.
Para
Freud, a princípio, como o atesta a primeira edição de Três ensaios sobre a
teoria da sexualidade (Drei Abhandlungen zur Sexualtheorie, 1905),
houve apenas uma organização da sexualidade, a organização genital que se
institui na puberdade e se opõe à “perversidade polimorfa” e ao auto-erotismo
da sexualidade infantil. Posteriormente Freud modificaria progressivamente esta
primeira concepção:
1) Descreve organizações
pré-genitais (1913, 1915);
2) Destaca a ideia de uma
escolha de objeto sexual que se realiza desde a infância, num capítulo
acrescentado a Três ensaios, denominado Estágio de desenvolvimento da
organização sexual: "... todas as tendências sexuais convergem para
uma só pessoa e procuram nela a sua satisfação. Assim se realiza nos anos da
infância a forma de sexualidade que mais se aproxima da forma definitiva da
vida sexual. A diferença [...] reduz-se ao fato de que na criança não está
realizada a síntese das pulsões parciais, nem a sua submissão completa ao
primado da zona genital. Só o último período do desenvolvimento sexual trará
consigo a afirmação desse primado”
3) Volta a questionar a
teoria enunciada nesta última frase ao reconhecer a existência de uma
“organização genital”, chamada fálica, antes do período de latência, com a
única diferença, relativamente à organização genital pós-pubertária, de que
para os dois sexos só um órgão genital conta: o falo (1923).
Vemos
que a evolução das ideias de Freud sobre o desenvolvimento psicossexual levou-o
a aproximar cada vez mais a sexualidade infantil da sexualidade adulta. Nem por
isso se anula a ideia primitiva segundo a qual é com a organização genital
pubertária que as pulsões parciais se unificam e se hierarquizam
definitivamente, que o prazer ligado às zonas erógenas não genitais se torna
“preliminar” ao orgasmo, etc.
LAPLANCHE e PONTALIS. Vocabulário de psicanálise. São Paulo:
Martins Fontes, 2016. p. 180 e 181.
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